Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, uma aldeia perto de Évora, na região do Alentejo em Portugal, no dia 8 de dezembro de 1894. Era filha de João Espanca, fotógrafo e primeira pessoa a trazer o cinema para Portugal, casado com D. Mariana Espanca. Sua mãe, no entanto, era Conceição Lobo, uma “barriga de aluguel”, conforme o costume da época, já que D. Mariana não podia ter filhos.

Seu pai, embora a tivesse educado e alimentado, nunca a perfilhou, só o vindo a fazer 19 anos após a sua morte apenas para receber os direitos autorais da sua obra.

Também em 8 de dezembro, porém de 1913, dia do seu 19. aniversário, Florbela casou com Alberto Moutinho, seu colega de escola. Porém, logo viu ter sido um erro, pois enquanto ela continuava a crescer interior e culturalmente, ele adormecia durante a leitura que ela lhe fazia dos seus versos. Esta relação foi-se degradando e acabou quando a poetisa alentejana quis freqüentar a Faculdade de Direito em Lisboa, e ele não concordou, nem a acompanhou.

Já em Lisboa, buscando incessantemente sua felicidade, divorciou-se e foi viver, e depois casar, com o deslumbrante militar fardado Antonio Guimarães. Mas a sua formação militar e machista, somada à falta de cultura, nunca deixaram que ele a compreendesse como pessoa nem como artista... e batia-lhe. Três anos e meio depois, ela, novamente, saiu de casa.

Ao conhecer o médico Mário Lage, casou com ele pela Igreja, convencida de que tinha encontrado um marido sensível, culto e evoluído de espírito.

Mas a tragédia voltava a rondá-la, desta vez, através, do suicídio do seu único e queridíssimo irmão Apeles, em 6 de julho de 1927, que despencou no Tejo, num hidroavião Hanriot 33), provocando nela fortíssima destruição. Com o suicídio de Apeles desequilibrou-se o seu frágil estado psicológico, e nunca mais foi capaz de dormir sem remédios ou sedativos, nunca mais conseguiu dormir tranquila, nunca mais riu, nunca mais deixou o luto. Era o princípio do fim.

Algum tempo depois, Florbela veio a descobrir que a pacatez passional do médico seu marido e a sua insistência em casar publicamente pela Igreja visava unicamente esconder uma secreta relação homossexual que continuava a manter em Matosinhos, onde viviam.

Separada novamente, Florbela desesperada, mesmo assim, apaixonou-se por um artista sensível, o pianista Luis Maria Cabral, mas também ele veio a revelar gostos homossexuais. Conheceu ainda mais um ou dois pretendentes, vindo a ser informada que um deles até era casado. Então começou a desistir de tudo.

O provincianismo de seu nascimento e das pessoas que conheceu, o fato de ser mulher e não poder freqüentar as tertúlias literárias e artísticas, a constante crítica e calúnias a que foi submetida, a falta de autonomia e o peso de uma sociedade austera, má, invejosa, desumana, mesquinha, que a rejeitou, contribuíram para sua condenação.

Cansada de ter nascido numa época que não era a sua, Florbela optou pelo suicídio consciente e premeditado, e, após duas tentativas, consumou seu intento na noite de 7 para 8 de dezembro de 1930, quando avisou a sua criada de que não ia dormir no seu quarto habitual, do casal, mas noutro mais tranqüilo e pediu-lhe para não ser acordada no dia seguinte. Disse-lhe, ainda, que estava com insônia e que queria dormir em paz... o máximo de tempo possível.

De manhã, foi encontrada tarde demais. Na sua mesinha de cabeceira estava um copo de leite e debaixo do colchão, dois frascos vazios de soporífero. Florbela morrera durante a noite, possivelmente às duas horas da manhã, à mesma hora e no mesmo dia em que tinha nascido, 36 anos antes.

Produzido, composto e idealizado por Nicole Borger
Direção Artística de Clarisse Abujamra
Arranjos e Direção Musical do espetáculo por Felipe Julian (Jubileu) com base nos arranjos e direção musical concebidos originalmente para o CD elaborados por Gabriel Levy
Som: Felipe Julian (Jubileu)
Iluminação: Yara Leite
Produção administrativa: Adriana Amorim
Produção Visual: Anderson Bueno
Assessoria de Imprensa: Fernanda Teixeira (ArtePlural)
Assessoria Jurídica: Dras. Luciana Arruda e Luciana Rangel
Fotografia: Ary Diesendruck
Roteiro e textos: Clarisse Abujamra

Músicos

Violão: Felipe Julian (Jubileu)
Violão e viola caipira: Carlinhos Antunes
Piano, teclado, sanfona e scaletto: Lucas Vargas
Contrabaixos acústico e elétrico: Marcio Arantes
Bateria e percussão: Mario Gaiotto
Saxofones e flautas: Beto Sporleder
Participação Especial: Américo Silva (guitarra portuguesa)
Vocais: Lea Gabanyi, Sarina Kalili Worcman, Hélio Plapler e Carlinhos Marchesano

Contatos:
ALKALINE PRODUCTIONS

alkaline@nicoleborger.com.br